Assim como nós, você é contra a caça indiscriminada, pelo simples prazer de matar o animal, certo? Mas, e se o animal não for nativo do Brasil e ainda destruir plantações, florestas, nascentes de água e interferir na fauna e na flora em vários biomas do país? Este é o javali!
O javali
O Javali-europeu (Sus scrofa) é uma espécie exótica e invasora nativa da Europa.

Trazido ao Brasil, Argentina e Uruguai para fins comerciais, foram posteriormente soltos na natureza devido ao fracasso comercial. Cada animal têm cerca de 1,3 metro e podem chegar a mais de 200kg. Estão
entre os mamíferos terrestres mais reprodutivos com crias de 6 a 8 filhotes, 3 a 4 vezes ao ano. Aqui não encontram empecilhos para a sua proliferação e, assim, seus bandos chegam a dezenas de indivíduos.
Prejuízo e destruição
Esses bandos são vorazes de tal forma que podem destruir plantações inteiras trazendo prejuízo ao homem do campo. Consequentemente podem comprometer o abastecimento de hortifrútis, bem como grãos, às cidades. As lavouras de milho, cana-de-açúcar e mandioca, base da alimentação de milhões de pessoas são as mais atingidas. Eles também destroem florestas e nascentes d’água trazendo muitos prejuízos não só ao ser humano como principalmente ao meio ambiente. Onívoros, em sua dieta estão ovos de espécies nativas como tartarugas, jacarés e emas. Desta forma interferem na reprodução destes e de outros animais, contribuindo portanto para sua extinção. Eles também eventualmente se alimentam de pequenos mamíferos. Muito agressivos, competem por áreas com Catitus e Queixadas (espécies nativas), alterando, dessa forma, o equilíbrio ambiental. E como se não bastasse ainda são vetores de doenças como a peste suína clássica e da peste africana.

Motivos não faltam para considerar o Javali-europeu e sua variante Java-porco (resultado do cruzamento com o porco doméstico) uma ameaça certamente preocupante à já tão devastada natureza no Brasil.
Sobre a caça
A caça é proibida em todo o território nacional por uma lei federal de 1967, mas o artigo 37 da lei 9.605 de 1998 estabelece algumas exceções em que a caça seria permitida: para preservar a vida em caso de legítima defesa, para saciar a fome, para proteger lavouras e rebanhos ou quando o animal é considerado nocivo, mas mesmo assim é preciso autorização do órgão competente. Com todo este problema, em 2013 o Ibama autorizou a caça e o abate de javalis (entretanto todos os outros tipos de caça continuam proibidos). Contudo, antes de sair pro mato à procura de um, saiba que é necessário atender a diversos critérios e passar por muita burocracia. Não é permitido a qualquer pessoa sair caçando esses animais por aí entretanto.
O Ibama nem mesmo usa a palavra “caça” e sim “manejo de controle”. O abate deve ser feito com arma de fogo de calibre superior a 38 para garantir que, dessa maneira, o animal seja abatido sem agonizar ou com armadilhas que mantenham o animal vivo, sem causar sofrimento, ferimentos ou a morte do animal. Assim sendo, qualquer outra prática precisa de autorização especial do Ibama e está vedada caso não possua esta autorização.
Sobre o porte de armas
Para usar arma de fogo é necessário estar devidamente em dia com a documentação que permite o porte de armas. Esta não é competência do Ibama, e sim do Exército Brasileiro, portanto a burocracia é complicada e trabalhosa. A documentação que permite a aquisição, uso, tráfego das armas, bem como que autoriza o manejo é de porte obrigatório. Quem quiser se inscrever deve se cadastrar no Cadastro Técnico Federal (CTF) de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais do IBAMA. A atividade pode ser exercida em qualquer época do ano bem como sem limites de abate.
Não só não é permitida a comercialização da carne, como também não se pode ser remunerado para fazer o manejo do Javali.
Preconceito e desinformação
Tárcio Agostini é Policial Civil de Minas Gerais e trabalha no Departamento Estadual de Investigação em Crimes Contra o Meio Ambiente, exercendo seu ofício na Delegacia Especializada em Investigação de Crimes Contra a Fauna e também é manejador registrado. Ele diz “Eu levo pedradas de todos os lados porque os pseudo-protetores, aqueles que ficam atrás de telas de computadores, não conhecem a realidade… portanto não sabem dos estragos que estes animais fazem nas plantações, matas e nascentes, causando um estrago irreparável no equilíbrio ecológico, aí ficam me criticando, por eu ser um protetor da Fauna e praticar o manejo da espécie invasora, no caso, o Javali”.
Logo ele que trabalha e dedica o seu trabalho à proteção da fauna e atendeu a todos os critérios (que não são poucos) para se tornar um manejador autorizado, ainda assim é alvo da desinformação daqueles que nem ao menos sabem do grave problema que se tornou o javali.
Algumas estimativas falam que a população destes animais podem até mesmo chegar a centenas de milhares de indivíduos espalhados pelas matas de diversos estados do país e, certamente, a cada dia, esse número se multiplica.
Agradecemos ao amigo Tárcio Agostini pela colaboração com este conteúdo!
Muito bom Reinaldo! É extremamente importante que a população tenha consciência dos danos causados pelo excesso de Javalis na natureza. Muito me preocupa a falta de informação por parte da população, que enxerga como “matança”, a pratica do controle do número de indivíduos dessa espécie. Como “proteção animal” hoje virou moda, vejo como irresponsabilidade dos legisladores quererem dificultar ou proibir o manejo, em nome de um “clamor” popular. Poxa, se são protetores, porque não enxergam os prejuízos causados pelo excesso de porcos no mato? Se a preocupação fosse realmente com o meio ambiente, a legislação seria de outra forma. Tenho medo e me preocupo com o que possa acontecer pois o numero de abate é infinitamente inferior ao número de procriação, sendo assim, não estamos conseguindo contornar o problema, em razão do preconceito e da burocracia. Tenho medo que os olhos só sejam abertos quando não houver mais nada que possa ser feito para reverter a destruição do Meio Ambiente.
Pois é, meu amigo, esperamos que, com o texto, possamos dar uma nova luz à pessoas que não conhecem o problema. Já vi gente xingando manejadores como você sem nem ao menos conhecer a situação, pois, como você bem colocou, interpretam como “matança”. Seria interessante também ver a troca de ideias sobre a eficiência de outras maneiras de resolver o problema, além do manejo com armas de fogo. Toda informação é importante e conhecimento é a chave para um mundo melhor!
A favor quem planta o seu alimento sabe o tamanho do prejuízo
Obrigado pela opinião, Lucas!
Infelizmente o animal não tem culpa, mas é preciso o controle. Está se tornando uma praga agrícola perigosa. No ambiente urbano, ninguém acha ruim eliminar ratos certo? Eles tem os mesmos benefícios gerados pelo humano. São pragas urbanas e infelizmente também os eliminamos devido aos riscos q nos trazem além de ter esse alto poder reprodutivo.
Obrigado pela opinião, Elvis! Pensamos o mesmo com relação a este problema.
Sou a favor, em todos os paises a onde essa praga se instalou, houve estragos e danos ao sistema de produção agricola e ao meio ambiente, nao havendo controle os animais sao nocivos e se tornam invasores e se reproduzem muito rapido!!!!!
Obrigado pelo comentário, Rubens!
Sou a favor,isso é uma praga…é precizo do controle sim pq ele dao muito prejuiza a noz produtores rurais…
Obrigado pela sua opinião, Jean!
Sou a favor do abate, é gostaria também de ser um controlador,nesta região onde moro já está ficando incontrolável,como proceder para ficar legalizado.
Entre em contato com o Ibama, amigo! Você pode começar acessando o link da ficha de cadastro que consta no corpo do texto!